domingo, 21 de dezembro de 2008

Carta enviada à Ninguém

J.R.M,

Escrevo para você essa carta e publico-a para que fique claro que apesar da completa falta de palavras dirigidas à tua pessoa apos a tua morte, de alguma forma, eu quis dizê-las, mesmo depois de tanto tempo, também!
Escrevo para ninguém essa carta, ela não tem remetente-leitor-alguém ja que você estaria impossibilitado de lê-la, ainda que estivesse vivo e fosse digno, pois não poderia entender sequer uma palavra das minhas... talvez por mais motivos que os obvios.
Escrevo para você e envio para o nada a minha carta que poderia ir para Papai Noel, se você não me tivesse levado a desacreditar em tudo, inclusive em Papai Noel e mais...
Sinto-me velha e enrugada tendo vivido, quem sabe, um terço da minha expectativa estatistica de vida! Sinto-me murcha e sei que o meu coração tem artérias entupidas... sinto-me meio viva com um terço estatistico de vida pulsando em minhas veias... doente, talvez, mas certamente, e piormente, hipocondriaca!
Eu ja vi estrelas cadentes e pensei em sonhos, ja dormi noites bem dormidas, ja senti a brisa do mar me alegrar... hoje o céu do meu quintal nunca deixa à mostra qualquer estrela, durmo cedo e acordo cansada e o mar me da nauseas... e sabe, cara formiguinha operaria, você tem grande participação nisso!
Você esta de parabéns! Essa é a mensagem que envio novamente pra você, mas por motivo bem diferente! Você esta de parabéns por saber permanecer, saber abrir feridas incuraveis e saber também jogar um salzinho nelas pra temperar e sair com estilo!
Você foi, não duvide, um belo sonho! E você mesmo me acordou e varreu naquela manhã o meu gosto de sonhar, transformando o meu sonho em pesadelo...
Eu sei, é tarde para desabafos! Não existe mais conexão para desaforos e baixarias pois quando você jogou suas pedras em mim, quebrou-me em mil pedaços... eu não tive chances de reagir e, acredite, não foi por mera frustração por qualquer coisa que seja, simplesmente à minha carcaça foi dada o status de "perda total".
Eu também quis te matar, te ferir, mas você foi mais forte! Que ironia! Logo você, a aparente fragilidade em pessoa destruindo aparentes fortalezas...
Neste fim de ano, vou dedicar minha velhice à você, juntamente com um sincero desejo de que você viva em paz e cada vez mais longe de mim. Que meu Papai Noel ressurja por alguns segundos e carregue meu pesadelo-você, o mesmo que ja foi sonho-de-amor, em seu treno sem passagem de volta.
Não desejo à você um Feliz Natal, desejo Felizes Aniversarios... para que você possa se lembrar a cada ano o que um desejo assim pode suscitar!
E finalmente, me esforço para abrir minhas mãos, ainda que lentamente, por enorme fadiga de mantê-las serradas desejando quebrar você... sopro as migalhas e a enorme poeira da minha vida sem parar de espirrar e impossibilitada de respirar tranquilamente, pois sei que quando a faxina acabar vou dormir um bom sono limpo... e por fim, tento perdoar toda dor que me foi causada, ainda que nenhum pedido de perdão tenha sido proferido, pois sei que essa nossa luta vai além dessa vida e não quero leva-la tão pesada para as proximas...
Nada além!
Do seu P.C.B
22.12.08

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sou aeroporto e porto...

Eu queria tanto lhe dizer
Da minha solidão, da minha solidez
Do tempo que esperei por minha vez,
Da nuvem que passou e não choveu...


Minhas mãos estão no ar
Como aeroporto pra você aterrissar
Também sou porto, se quiseres ancorar...
Sou ar, sou terra e sou mar...


Eu tenho a mão e você tem a luva,
Eu sou a montanha e você é a chuva
Que escorre e some no final da curva
E beija o rio, pra abraçar o mar


É por isso que a montanha tem ciúmes
Quando o vento leva a chuva pra dançar
Muitas vezes tudo acaba em tempestade
Raios gritam sobre a tarde,
Tardes dormem ao luar,
Anoitece a minha espera,
Amanheço a te esperar...

(A montanha e a chuva, Orlando Moraes)

sábado, 29 de novembro de 2008

"Eu amava como um sonhador..."

Des yeux dans le ciel - Alfred Gockel


Delicados sonhos

Abriu-se a janela dos sonhos
E de repente, tudo fluiu
Que eu naturalmente me dei
Com toda loucura que juntei
E que tive naquele instante.
Senti que a boca que beijei,
Tinha sabor de cumplicidade
Posso agora ao beijo ganho
Saber o que esperei.
Depois quando a realidade

Me fez, mais uma vez, acordar
E sentir que o torpor é sonhar
Com uma cotidiana saudade.

(Maria Efigênia Mallemont)


Eu amava como um sonhador, sem saber por quê... e amava ter no coração a certeza ventilada de poesia de que o dia não amanhece, não... Eu amava como um pescador que se encanta mais com a rede que com o mar. Eu amava como jamais poderia se soubesse como te contar.(Oswaldo Montenegro)

domingo, 23 de novembro de 2008

Escrituras de um marinheiro de nuvens...

Porque quase tudo que ele escreve em seu blog é muito do que eu queria dizer... peço permissão de publicar aqui um texto que poderia, facilmente, ser meu, se eu usasse como ele as palavras em determinados momentos... Voilà:

um abraço em milhas de eternidade

Para minha pequenina estrelinha do norte

...e confesso que naquela noite que a vi e não sabia que mais a veria, pensei em tomá-la em meus braços, saber de seus amores morto-vivos, seus sonhos e suas tristezas, mas apenas brinquei com o formato engraçado do seu nariz e a deixei partir já que eu não poderia ficar. A vida continuou e , agora, depois de um ano, "eu falo" e ela me "escuta"(estão em aspas porque, embora sejam escritas, não possuem som algum), distante, lá onde o mar tem um cheiro diferente e a chuva nunca me traria a nostalgia.Hoje, talvez eu a tenha de uma forma mais pura, como as nuvens que trazem as noticias do norte, mas ainda sinto vontade de cuidar dela, de fechar seus olhos para que sinta eu a abraçando eternamente e, terminando a eternidade desse abraço que ela tanto precisa, sinta um beijo na testa com um afago nos cabelos desajeitado e molhado por lágrimas, arrumando-os por trás da orelha, para que quando o sol nascer, seja hora dela refletir seus raios em seus cabelos tão sonhadores...

...que um dia encontres alguém que tenha asas e te leve para o paraíso onde apenas apontei o caminho entre as estrelas...

Postado por Balthazar Sete-Sóis às 20:56
Quarta-feira, 12 de Novembro de 2008

sábado, 22 de novembro de 2008

Breve canto da moça sonhante...

E a moça sonhante, perdida naquele quase-novo-pais distante, deslumbrava-se a cada nova descoberta, a cada nova conquista.
Cada nova cor trazia um novo significado, uma nova maneira, dentre tantas, de enxergar o mundo, sobretudo o seu mundo, tão particular...
Embora, nesse momento, fosse tomada por tanto encantamento e sonhasse com principes, princesas, castelos encantados e cavalos alados, ela não podia esquecer o azul que vira e não podia desejar outra coisa: tornar-se uma sereia de canto mais forte que qualquer outra.
Apenas assim seria capaz de cantar sua saudade de forma a percorrer mares e terras e conseguir expressar sem maiores encantos e sem utilizar palavras: te vejo por perto em tudo e em todos os lugares!
Com toda a delicia de fazer sentir sem precisar de palavra alguma...
Pobre moça sonhante...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Dos Aprendizados...

Aprendizado -Affonso Romano de Sant'anna

Estou aprendendo a enterrar amigos,
corpos conhecidos, e começo as lições
de enterrar alguns tipos de esperança

Ainda hoje
sepultei um braço e um desejo de vingança
Ontem, fui mais fundo:sepultei a tíbia esquerda
e apaguei três nomes da lembrança



Aprendizado - Ferreira Gullar

Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.
Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão
que a vida só consome
o que a alimenta.

sábado, 4 de outubro de 2008

Em dias de Circo todo mundo é obrigado a ser Palhaço...

Hoje é dia do circo de palhaços no país, oba!!!

No dia a dia eu sou trapezista... eu passo de um lado pro outro, arrisco minha vida... no meu trapezio não tem cama elástica.

No dia a dia eu também ando na corda bamba, não sei se caio no próximo passo...

As vezes eu domo animais selvagens e limpo também a sua bosta...

Sou também contorcionista, estico e dobro meu salário... afinal de contas, também tenho que manter as pernas firmes, pois as vezes sou bailarina, ando na pontinha dos dedos...

Mas hoje, hoje eu sou palhaço!

Eu e todos os meus amigos... eu tou feliz!

Eu canto, danço e pulo porque os donos dos circos me entregaram um arsenal completo de alegria: uns litros de gasolina, umas buzinas, bandeirolas coloridas e um monte de fantasia! Até meu filho de 7 anos com corpinho de 5 vai ganhar umas pinturas na cara... afinal, todo mundo tem que participar!

Todo mundo pode, todo mundo tem direito? Não! Todos nós devemos, obrigatoriamente, exercer nossa liberdade de voz... é proibido não fazer isso hoje!

Hoje tem goiabada?

Tem sim senhor!

Hoje tem marmelada?

Tem sim senhor!

E o palhaço, o que é que é?

Ladrão de mulher?

Não, sou eu, senhor! Eu que o senhor chama de cidadão brasileiro!

Sou eu que trabalho e dou dinheiro pro senhor comprar minha fantasia, sujar as ruas com bosta de animal selvagem e ainda me deixar assim, nessa alegria inebriante!

Hoje é circo, e dias de circo, todo mundo já sabe, é melhor que carnaval! Simbora Brasil!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

terça-feira, 30 de setembro de 2008

"Nem passar Agosto esperando Setembro..."


Presença

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale sutilmente,
no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como assim - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!
(Mario Quintana)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Um salto diario na vida Severina...

A Vida e a Morte - Klimt.
A Meditação sobre o Tiête

Água do meu Tietê,
Onde me queres levar?
— Rio que entras pela terra
E que me afastas do mar...

É noite. E tudo é noite. Debaixo do arco admirável
Da Ponte das Bandeiras o rio
Murmura num banzeiro de água pesada e oleosa.
É noite e tudo é noite. Uma ronda de sombras,
Soturnas sombras, enchem de noite tão vasta
O peito do rio, que é como se a noite fosse água,
Água noturna, noite líquida, afogando de apreensões
As altas torres do meu coração exausto. De repente
O óleo das águas recolhe em cheio luzes trêmulas,
É um susto. E num momento o rio
Esplende em luzes inumeráveis, lares, palácios e ruas,
Ruas, ruas, por onde os dinossauros caxingam
Agora, arranha-céus valentes donde saltam
Os bichos blau e os punidores gatos verdes,
Em cânticos, em prazeres, em trabalhos e fábricas,
Luzes e glória. É a cidade... É a emaranhada forma
Humana corrupta da vida que muge e se aplaude.
E se aclama e se falsifica e se esconde. E deslumbra.
Mas é um momento só. Logo o rio escurece de novo,
Está negro. As águas oleosas e pesadas se aplacam
Num gemido. Flor. Tristeza que timbra um caminho de morte.
É noite. E tudo é noite. E o meu coração devastado
É um rumor de germes insalubres pela noite insone e humana.
(Lira Paulistana, Mario de Andrade)
Suicido-me...
E aos que lerem, não morram de susto acreditando ser uma carta de aviso de morte, pois o foco é a Morte Diaria, essa morte que mata a cada minuto de vida morbida!
O foco mesmo é essa necessidade de um suicidio às avessas, de um pulo num abismo de vida!
Vida, vida... eu entendo é nada!
Esse negocio que é grande e que se vai com a facilidade mais simples de ser explicada, pois o Além é sempre explicação... que mané Além? Mas que o quê? Quê?
Doses homeopaticas de café, chocolate, cigarros, cervejas. Doses semanais de anti- inflamatorios de realizaçao profissional. Doses esporadicas de morfina de paixões. Oculos escuros durante a noite, para não enxergar... Mas Morte Diaria é irremediavel...
Um vivo que deseja morrer é o tipo humano mais decidido e corajoso de que ja ouvi falar.
E um morto que deseja viver? Faz o que? Faz o que? Faz-me rir!
Essa Morte que me espreita e que me leva diariamente... que me acerta com cacetadas de realidade cruamente viva, ela vive mais que a propria Vida!
Ei, Além, você que pretensiosamente se coloca como explicação, vê se humildemente me mostra um caminho para um salto diario de Vida nessa Vida Severina!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

E como se diz o contrario de Solidão?


cueillete - Michel Rauscher


Ser gente é uma coisa estranha! Não sei se é ser gente simplesmente ou se é o "querer ser gente" que nos faz assim sonhadores, verdadeiros arqueologos à procura cuidadosa de vestigios de humanidade, fosseis de verdade, migalhas de companhia...
Que grande invenção foi essa de SER ser humano? Não! Isso é uma engenhoca sem o menor planejamento, e o pior, com a exclusiva utilidade de fazer crescer teias de aranha.
Dentre todos os mecanismos falidos dessa geringonça, acho que aquele que funciona tentando enviar ilusões para a Solidão é o mais problematico de todos. O ser humano é sozinho, e passa a vida inteira ludibriando a Solidão, acreditando que isso é condição para uns pobres coitados...
Não funciona, não funciona... qual o contrario de Solidão? Companhia? Muito pouco! Companhia é muito pouco para a devastadora Solidão... seria bonito assumirmos nossa condição, mas essa consciência plena é muito além do que a maquina do corpo pode aguentar.
E é bem assim que a gente funciona: remando num barco sozinho, se contentando com a beleza das pétalas das flores que caem por perto e sonhando com as que ainda não se aproximaram.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

a arte de bordar

Ponto sem nó - Alice Ruiz

você não dá
ponto sem nó
ponto cruz
ponto cheio
ponto ajour
jura que não
vive sem nós
mas nunca diz
a que veio
mon amour
nosso enredo enrolado
todo emaranhado
tecido por linhas tortas
foi desfiado
a trama é toda sua
personagem principal
quanto a mim
resta o papel vilão
do ponto final

terça-feira, 15 de julho de 2008

Esperança é arvore das grandes...

Uma arvore milenar com tronco enorme, raizes profundissimas e folhas verde-so-de-arvore-assim... é uma imagem esplêndida, que foi sabiamente associada a um dos sentimentos mais plenos que todo ser humano pode ter.

Dizem que todo mundo tem, outros dizem também que o seu fim é a morte de tudo, ou ainda, que quando ele existe tudo é possivel.

Procuro verde em mim... verde de arvore de verdade!

Se houver, numa proxima esquina, ou em outra, ou depois, uma folhinha murcha de final de outono que me faça lembrar que arvores existem, vou fazer um desenho rabiscado de uma usando um lapis HB e um pedaço de papel higiênico!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

E por falar em saudade...

... em saudade não se fala, só se pensa!

Eu sempre sonhei colorido e algumas pessoas estranham quando falo isso. Eu estranho é quando me falam em sonho preto e branco. Meu sonho é colorido, e tem cheiro, e tem sensação térmica, sabor, som e, as vezes, tudo misturado...
Quando eu era pequena, bem menor do que sou hoje, gostava de tudo que brilhava; e ainda lembro dos dias de medo do escuro: se eu fechava os olhos muito fortemente via objetos brilhantes e acabava adormecendo... acabei por vincular o brilho ao ato de sonhar.
Nunca fui uma sonhadora por natureza, não vivo com os pés fora do chão, não sou de viver sonhando no sentido quixotesco que essa expressão pode evocar.

Tenho um pedacinho da minha vida invadido por sonho...
E é um sonhar vivendo... é ter em vida - acordada, dormindo, acordando ou adormencendo- um momento com todas as cores, perfumes, sensações, sons, ritmos... e ainda um brilho parecido com aquele que me fazia dormir na infância apesar do medo, mas ainda melhor!

Acordo! Tenho em mim aquela tão conhecida vontade de voltar... de continuar meu sonho exatamente de onde foi interrompido, mas a vida real inteira me arranca da cama.
Vou seguir meu dia... com essa saudade do meu sonho que é minha... só minha!
Ter um segredo assim me faz sorrir sozinha quando qualquer coisa do dia me faz lembrar tudo que senti: Que saudade do Meu Sonho!

Mas em saudade assim não se fala, porque palavra é coisa falha, e essa, se repetida, pode se transformar em dor... a Minha Saudade não pode sequer parecer com dor!
Eu quero mais é continuar sorrindo com ela no decorrer do dia, porque ter uma saudade com gostinho de sonho é sorte!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Buscando amor...

AMOR FEINHO

"Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho." (Adélia Prado)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Carta ao leitor

Caro leitor, (não, não vou começar isso assim... muito formal para esse leitor)

Querido leitor, (é possivel que o querido evoque um ar de falsidade?)

Meu leitor, (essa é a melhor maneira, expressa bem o direcionamento e o carinho...)

Meu leitor,

Ha dias e dias que tenho palavras a colocar aqui especialmente para você, mas não quis me apressar, pois sabia que a espontaneidade do momento certo poderia me ajudar um pouco numa tarefa que, você bem sabe, não é muito a minha praia.
Considerando, ainda que curiosamente, que as palavras em mim agem muitas vezes como mascara, fuga ou como marca de insanidade; e que não são dignas de credibilidade, peço que você despreze a atençao para elas e apele para o maior sentido de todos, o Sentimento em si.
E é Ele mesmo que quero mencionar aqui, esse que nunca falhou, que anda comigo assumindo as mais diversas faces desde o dia em que li algo que você escreveu sobre outra pessoa em algum lugar. Sentimento em si mais doido de lidar, porque muda tanto... admiração, raiva, amor, ciume, paixao, ternura, indignação, preocupação... impossivel listar!
Simples de sentir, extremamente dificil de dizer, so que é bom demais ter você por perto e qualquer distancia faz sentir... bom demais poder pegar o telefone pra te dizer que tou com dor de barriga, apenas... bom contar com tuas piadas que não me fazem rir, com nossas criticas um ao outro, com risadas bobas, com tuas apreciaçoes sobre o mundo e com o teu ouvido para escutar as minhas... bom até sentir despeito!
Assumo a loucura das minhas palavras, a omissao em alguns momentos e o uso incisivo e cortante em outros, mas assumo acima disso o tal do Sentimento, que foi e é capaz de apagar magoas antes consideradas inaceitaveis, tanto pra você quanto pra mim. Mas isso ta parecendo uma confissao e nao é o objetivo...
Não é porque você lê isso aqui toda vez que aparece novidade ou porque a gente conversa horas num sofa de ar que você me conhece tanto, você sabe, é simplesmente porque é extremamente natural... porque você sente muito melhor do que aquilo que pode ver ou ouvir e eu também (e ai esta uma possivel explicaçao para a nossa grande admiraçao por Caeiro).
Meu leitor, na verdade, o objetivo é apenas lembrar e registrar a extrema importancia da sua presença constante na minha vida. Em todos os estagios e fases que vivemos ou vivamos, você é especialmente unico para mim.

Ass: Eu mesma, aquela que você conhece sem as palavras ;)

P.S.: E você ainda tem que aturar essa leitura sem acentos, né?

terça-feira, 8 de abril de 2008

Discuter avec le Temps...

Relogio do Museu de Orsay, Paris. (Keith Levit) Allez, Monsieur le Temps!!! On m'a dit que vous êtes capable de tout faire, de tout resoudre... Moi, n'ayant pas des choix, j'accepte la "solution" proposé... je vous attends passer, je vous supplique de passer plus vite... Oui, Monsieur le Temps, je le vous supplique même si j'ai déjà demandé le contraire!
Parce que tous les jours c'est la même histoire, je regarde le calendrier et je pense que c'est déjà pas mal, car c'est un jour de plus au chemin de l'oubli... n'est ce pas?
Allez, Monsieur le Temps, j'ai pas encore perdu l'espoir de laisser tout ce que appartient au passé vraiment au passé, et je vous fais toujours confiance!!!

domingo, 30 de março de 2008

Adriana Calcanhotto, a Original!

Madrugada do dia 14 de dezembro de 2006, num Irish Pub emVieux Lyon...depois de alguns cigarros, vinhos e cervejas:

-geeeente, é a adriana calcanhotto!!!
-adriana calcanhotto em Lyon!!
-minha nossa, é ela sim.
-é não, essa mulher é feia.
-e tu acha que ela é linda sempre?
-naaam, ta muito velha
-bixa, adriana calcanhotto!!! ela ta velha! tu acha que ela tem quantos anos?
-afff, vamos la falar com ela?
-vamos tirar foto com ela?
-vaaaaaaamos!!!
no fim a mulher pergunta: - eu me pareço com quem mesmo? ela é o que no Brasil?

(Dialogo relembrado por Mich em 30 Março de 2008) Obrigada por me fazer dar muita risada!!!! :)

Resultado:






A nossa Calcanhotto!!! hahaha!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Há sempre a pequena chance de o impossível rolar...

Paralisada em plena noite de sexta-feira!

Devo começar isso aqui pelo título da pintura ao lado, tentando organizar as idéias de forma a deixá-las mais ou menos num mesmo patamar...

Un possible... e infelizmente o meu bom e velho português não é suficiente pra pensar no título, explico: quando li "un possible" na verdade pensei: "impossible". Em francês lemos os dois da mesma maneira, o que seria pra gente o equivalente a 'anpôssible'.

Um possível e impossível juntos... de mãos dadas, pelo som e por uma pintura de um vermelho ensurdecedor...

.......................................


"Há sempre a pequena chance de o impossível rolar"...

Desculpe-me, meu tantas vezes confortante Impossível, mas é exatamente nessa hora que você já deixou de existir!

Impossível e Um Possível... linha tênue... limite do horizonte... suponho que sejam amantes...
Tão contrarios e tão proximos, assim como os temidos Amor e Odio na louca e saciadora Paixão!

Vocês disfarçam, eu sempre desconfiei! Se dizem opostos, mas aí estão, de mãos dadas!
Um leva peso enquanto o outro... o outro dança sob a lua cheia, continuando de mãos dadas!

Não quero duvidar de um ou de outro, pois conheço sim os seus disfarces! Mas prefiro que você, meu caro Um Possível, dance sem trégua, cambaleando dentro de mim!



* Un possible, Michel Rauscher.
** "Michel Rauscher é um pintor francês que pinta em oleo sobre madeira cenas estilizadas da vida africana e de outros lugares, com suas dificuldades, alegrias e outros mistérios." Sua obra vai render muitos posts, porque eu adorei!!! Se interessar:
http://www.michelrauscher.com

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Stroking the keys - Alfred Gockel

Arte Poética (Paul Verlaine)

"Antes de qualquer coisa, música

e, para isso, prefere o Ímpar

mais vago e mais solúvel no ar,

sem nada que pese ou que pouse..."

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Justifico? Justamente!

"Nous ne sommes nous qu'aux yeux des autres et c'est à partir du regard des autres que nous nous assumons comme nous mêmes" (Sartre)

"Nós só somos nos aos olhos dos outros e é a partir do olhar dos outros que nos assumimos como nós mesmos" (tradução minha-mesmo)

Muito me admira que Sartre não tenha conhecido orkut, fotolog, blog, google, Big Brother Brasil ou similares! Imagino como seria divertido vê-lo dizer um "eu não disse?" se de repente ele ligasse a TV na Globo e ouvisse algo mais ou menos assim:
Isso aqui é um aprendizado Bial, é um sonho... nunca pensei que pudesse me conhecer tanto em tão pouco tempo como aqui dentro. Isso ou coisa mais ou menos assim, dita por algum dos participantes do BBB8.

Esse sonho ja deve ser escrito com letra maiuscula... digam se não parece mais adequado algo como $?
O tal "Sonho" é minuciosamente relatado, diga-se de passagem... 24 horas multiplicadas por não sei quantos dias de relato... Intensivão de manifestação do inconsciente? (Mas não era um jogo pra ganhar um prêmio de milhões?)

Voltando à Sartre para não perder o fio da meada e porque é muito mais chiq, cult, intelectual-ou-pseudo, emo, coca-cola,... "help! I need somebody"!!!... perdi o fio da meada!!!
Mas é que imagem é tudo, e conceito é ser... não é? Importante refletir sobre a escolha do léxico, dar um significado de efeito, ressaltar a qualidade exata num determinado momento, dar forma estonteante à minha imagem e conseguir vender bem o meu peixe (mesmo que eu não goste muito de peixe, ouvi falar que tenho uns pra vender)...
Não basta sentir, não basta querer ou muito menos ser, é preciso colocar na minha página do orkut!!! Satisfazer milhões de olhos e muito mais a mim, pois preciso do Grande Outro!
Antes de perder o fio da meada, eu dizia da volta à Sartre... porque além de qualquer-motivo-super-in para voltar ao assunto, foi a citação acima que me motivou a criar um Blog!
Quem sabe me expondo um pouco mais eu chegue ao tão aclamado auto(?)conhecimento...
Quem sabe eu relate sonhos... economize trocados de terapia... (todo projeto recém iniciado é cheio de esperanças...)
Quem sabe partindo do que escrevo aqui eu enxergue a minha imagem (não no sentido de espelho... pois o que procuro é o olhar alheio!) para além de fotos e comunidades do orkut e, finalmente, descubra como vou me assumir como "eu mesma"!

"os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado ( Lévi-Strauss)