quinta-feira, 23 de setembro de 2010

sobretudo e nada mais
sob tudo, o corpo em fogo
sobre tudo um segredo,
sobretudo indecente:
sobe tudo!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

reflexões acadêmicas II

mmestranda, menstruada e monstruada: pára de chorar, seu olho safado!
nhém nhém nhém, eu quero minha casa dos meus pais
eu quero não jantar macarrão! eu quero um trabalho decente quando isso tudo acabar!
eu quero dormir tranquila depois de um dia de estudos gripada...
páaaaaaaaaaaaaara de chorar, seu olhinho de merda!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

papinho com Roland

Hoje, depois de muito tempo tentando conversar e ter sido sempre mal interpretada, para não dizer muitas vezes rechaçada de papos com pessoas que considerei (não quero enumerar os critérios)aptas a entenderem de bom grado (não digo concordar)o que ou do que eu estava querendo falar, tive um rasgo de alegria!

Já que não tive aula, pra não perder a viagem ao campus, fui passear na biblioteca, o meu verdadeiro museu de grandes novidades empoeiradas, para ver o que andava por ali pelas prateleiras. Escolhi uns exemplares de interesse acadêmico e outros nem tanto. No meio dos "nem tanto" está Roland Barthes e escolhi o pequenino pra passar a tarde "papeando" em vez de estudar: Aula.

Gozado! A aula que não tive à tarde se transformou na "Aula" de Barthes. Trata-se da sua aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 1977, na qual ele fala, num texto que faz pensar na maestria de uma mulher rendeira tecendo seus fios, sobre linguagem e poder, sobre poder e linguagem.

Eu teria muitas coisas a comentar sobre a minha conversa com o Monsieur Barthes, mas devo me ater, pelo menos por hoje, a falar - com ecos barthesianos - o que eu sempre quero dizer naqueles papos em que sou incompreendida e a gritar a minha alegria de me sentir pretensiosamente compreendida por Barthes.

Também quero aproveitar o ensejo da movimentação "politiqueira" dessa época do ano pra tentar explicar, mais uma vez, para alguns, por que eu desconfio de militâncias, de discursos inflamados e apaixonados contra o Poder ou em prol de grupos minoritários: "chamo discurso de poder todo discurso que engendra o erro e, por conseguinte, a culpabilidade daquele que o recebe".

Então, é isso! Eu pergunto pra que diabos eu vou falar contra o Poder, esse Senhor das Mazelas do Mundo? "O poder está presente nos mais finos mecanismos do intercâmbio social: não somente no Estado, nas classes, nos grupos, mas ainda nas modas, nas opiniões correntes, nos espetáculos, nos jogos, nos esportes, nas informações, nas relações familiares e privadas, e até mesmo nos impulsos libertadores que tentam contestá-lo".

Lutar contra O Poder é, pra mim, ingenuidade. O poder é pra sempre, é "simetricamente perpétuo no tempo histórico". Poder é coisa que se luta, a meu ver, com armas bem diferentes das que venho vendo ser empunhadas por aí. Não se trata de dar poder a quem não tem por meio de bandeiras e discursos sem dar acesso igualitário ao entendimento de como funciona/ do que é linguagem, "esse objeto em que se inscreve o poder, desde toda a eternidade humana". E aqui não estou falando de "bem falar" ou "falar correto", só para anular o risco de assim ser entendida.

No filme Ensaio sobre a cegueira, baseado no livro de Saramago, a população inteira de uma cidade é acometida de uma espécie de síndrome de cegueira sem causa aparente que se alastra como um vírus. É uma síndrome bastante parecida com aquela que eu vejo nesse blá blá blá que chamamos de visões e posições políticas. É uma síndrome que eu diagnosticaria paradoxalmente como síndrome da cegueira de visões políticas. Não que eu considere a inexistência de visões políticas, mas entendo o nosso fazer "política" como uma repetição ingênua, para não usar alienada, de discursos de poder autorizados, cada um pro seu lado. É bem aí na ingenuidade que reside o câncer.

Então é disso que eu falo quando discordo de marcações de diferença entre classes sociais, grupos étnicos, grupos políticos, grupos de gênero e o que mais tiver, para tratar assuntos de poder, para dar ou tirar poder. É disso que falo quando falo dessa necessidade de inserção ingênua em um discurso "correto" relativo ao grupo social do qual fazemos ou queremos fazer parte, seja para tratar da escolha do presidente, seja para criticar a demanda da produção musical, a frequência em um tipo de bar x ou y...

Devo ressaltar, na tentativa de não ser mais uma vez rechaçada do papo, que não estou dizendo aqui que acho que o grupo x,y,z mereça ou não, tenha ou não direito a um nível x,y,z de poder; apenas penso que se o assunto é poder, vamos falar de poder, e não mascarar os que o desejam como coitadinhos ou mauzinhos, que sejam, com belos discursos vazios cheios de ingenuidade.

Lupas, óculos e coragem pra usar a lingua! Eis o discurso desta estudante da lingua/gem que vos escreve! (Entendem aqui esse mecanismo para mostrar meu poder? ;)) Obrigada Barthes!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Bip Bip cotidiano

. A resposta certa desacelera o cérebro. A resposta certa descolore o amanhã. A resposta certa desestimula a paixão. A resposta certa paraliza o trabalho do professor. A resposta certa estanca a ciência. A resposta certa atravanca até o trânsito.
Façamos barulhos e buzinas!

domingo, 6 de junho de 2010

"minha paixão há de brilhar à noite"

esse é um dos poucos momentos de vir aqui com esse sorriso de quem ri da vida... mais ou menos com cara de sorriso de infância sabida passada vivida gostada nostálgica.
vim pra minha outra casa não sei se casa, há 4000 km da minha casa temporária, pra ver: Pagu no cio, eu há 35h farrando, e na volta madrugal um vira-lita lindo deitado na porta da "minha" casa esperando com olhar pidão para cadê a 'cadela'.
talvez seja minha vontade de "ie ie ie romântico" que tenha imaginado uma cena de amor em que ele (o cachorro) dissesse à cadela:
"ainda estou sozinho, apaixonado..."... de repente, para "lançar no espaço sideral" e dizer que essa paixão haveria "de brilhar à noite, no céu de uma cidade do interior"...
ai ai!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Forma e conteúdo

Quando é pra dizer importa o quê?

Quando é pra dizer, o que importa?

Quando é pra dizer o que importa?

Quando é dizer pra o que importa?

Quando dizer é pra o que importa?




Importa quando é pra o que dizer?


Importa dizer quando é pra quê?



Será que digo "como" ou "o que digo"?

Será que digo "o que digo" ou digo "como"?

Será que é a margem do rio ou será o rio da margem?

Será que quem constrange é quem liberta?

Será que quem liberta é quem constrange?

Será que é forma ou é conteúdo?



E se é forma quando é conteúdo?

E se é conteúdo quando é forma?

E se se diz violenta a margem, como é rio sem margem?

E como é forma sem conteúdo ou conteúdo sem forma?

terça-feira, 2 de março de 2010

Sem astros

"O mato desconhecido é anonimato?
O pequeno viaduto é um abreviaduto?
Como é que o mecânico faz amor? Mecanicamente?
Quem vive numa encruzilhada é um encruziléu?" (Mia Couto)

Quem não tem astros é um desastrado...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Quando é amor é foda!



Só digo uma coisa: quando é amor é foda!

Eu posso dizer isso? Posso!

Agora, não me venha com maiores perguntas do tipo "quando é amor?" "e como é amor?" "o que é amor?"

Eu digo e repito que eu só tenho a dizer que "quando é amor é foda"... o resto todo a gente só sente e não sabe a medida!

Como todas as coisas que simplesmente são sem medida, como o céu e como o mar....

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

La musique

"Na música, a mediação da natureza e da cultura, que se realiza no seio de toda linguagem, torna-se uma hipermediação: de ambos os lados os ancoramentos são reforçados. Instalada no ponto de encontro entre dois domínios, a música faz com que sua lei seja respeitada muito além dos limites que as outras artes evitariam ultrapassar. Tanto do lado da natureza quanto do da cultura, ela ousa ir mais longe do que as outras. Assim se explica o princípio (quando não a gênese e a operação, que continua sendo, como dissemos, o grande mistério das ciências do homem) do poder extraordinário que possui a música de agir simultaneamente sobre o espírito e sobre os sentidos, de mover ao mesmo tempo as ideias e as emoções, de fundi-las numa corrente em que elas deixam de existir lado a lado, a não ser como testemunhas e como respondentes."
(Lévi-Strauss, O cru e o cozido, p. 48. In: Cult, 142, p. 41)

Reflexões acadêmicas I

Tenho algumas coisas para levar da vida acadêmica
Para levar não, para carregar mesmo:
caixas pesadas de chumbo de livros rabiscados em que os rabiscos pesam mais que tudo;
calendários com datas que correm muito mais que minhas pernas;
uma corda sem fim que amarra meu juízo e aperta meu pescoço, sorte que eu ainda não dei meus pulinhos!
Por enquanto, é tudo!