terça-feira, 12 de maio de 2009

Tudo por acaso... mera distração!

Confessava àquela boa e grande amiga a inquietante espera pelo acaso milagroso, a espera pelo instante em que o famigerado ponto x cruzaria o ponto y, ou melhor, queria o encontro do x com o yz que havia encontrado em seus cauculos mal feitos e desajeitados de boa linguista que ousava buscar a ser.
Lembrou-se, então, de um dos fragmentos preferidos do seu livro preferido: aquele que fala do traço dourado magico deixado por Sabina na vida de Franz... o seu livro havia ficado com a mesma boa amiga da conversa... recorreu ao Mr. Google e voilà! O seu amado Kundera enviou uma nova frasezinha que vinha muito bem a calhar com o que tinha acabado de dizer sobre a impossibilidade de um raio cair duas vezes no mesmo lugar: "La valeur d'un hasard est égale à son degré d'improbabilité" (O valor de um acaso é igual ao seu grau de improbabilidade). E isso imprimia um belo ponto às suas inquietações, ao menos às daquela noite. Em primeiro lugar, o telefone so tocaria se estivesse suficientemente distraida, como Clarice um dia lhe contou; em segundo lugar, não seria hoje que encontraria a "formula do acaso, a curva do universo, o alcance da promessa, o salto do desejo, o agora e o infinito" ou tudo aquilo que era apenas e tudo que lhe interessava, como Lenine lhe cantava todos os dias; e, finalmente, se o improvavel reencontro de perdidos na capital gaucha acontecesse, encontraria seu valor em si mesmo, como Milan generosamente escreveu permitindo que fosse lido por acaso em um dia perdido de outono no sul do Brasil.